Velejando A Vida

Verão de 77. Um encontro inesperado no Hospital 9 de Julho, em São Paulo. Assim João Carlos Pecci conheceu o grande amor de sua vida. Paraplégico desde os 26 anos, havia sido internado para a realização de uma cirurgia. Márcia, com dois dias de atraso, fora visitar a amiga que dera à luz uma criança e havia ocupado aquele mesmo quarto. Ele com 35 anos, ela com apenas 17. Uma mágica coincidência. Foi instantâneo, apaixonaram-se. Parceira, companheira, coadjuvante, cúmplice, seja qual for a denominação que indique a participação de uma mulher ao lado de um homem, Márcia foi adentrando no seu mundo com majestade e sutileza. Abastecidos de amor, sempre confiaram mutuamente, pactuando intenções que iam muito além do simples viver e que transcendiam o próprio ritmo da existência. Caminhando juntos e movidos por uma obstinação, conseguiram enfrentar os mistérios da natureza e realizaram o grande sonho de gerar um filho por meio da auto-inseminação. Assim se concretizou mais uma etapa na trajetória de um homem que encontrou na paraplegia a porta que abriu o caminho para a pintura e que fez crescer seu lado humano, sua sensibilidade e a percepção pela beleza das coisas e das pessoas. Como o deslizar do pincel na tela arranjando tons e linhas, VELEJANDO A VIDA nos leva a compartilhar da determinação e persistência de quem sempre procurou ultrapassar barreiras. A cada página, João Carlos Pecci nos revela como transformar as dificuldades da vida em instrumentos para novas realizações. O livro é a comprovação de que toda deficiência física se dilui na magnitude do comum, na liberdade do simples exercício da vida. O autor analisa sua postura diante das limitações contestando a visão estigmatizada pela sociedade. Consegue infundir nas pessoas uma compreensão mais otimista, flexível e abrangente do assunto, porque a força da argumentação se baseia na naturalidade com que assume a sua própria condição. Um texto que atravessa os mares da reflexão e chega à mais pura emoção. Encantado