Em Busca Da America

Anne Tyler apareceu no radar literário com o aclamado Turista acidental. O livro, que ganhou as telas com William Hurt e Geena Davis, revelava uma autora madura, capaz de saídas engenhosas para tramas enganosamente leves. Sua matéria-prima são os dramas humanos, as emoções mais básicas. Em Em busca da América, ela retorna com um livro sutil, mas não menos claustrofóbico. Numa trama repleta de choques culturais e os dramas cotidianos da vida familiar contemporânea, Anne Tyler descortina as vidas, anseios e ambições de duas famílias tão diferentes, mas que se identificam no desejo pela continuidade, pela maternidade. No aeroporto de Baltimore, Bitsy e Brad Donaldson, um barulhento e típico casal Wasp, e Sami e Ziba Yazdan, reservados americanos de ascendência iraniana, esperam pelo mesmo avião. Versão metalizada da mítica cegonha. Um dia para marcar o início de uma amizade. No saguão quase vazio, as duas famílias acabam se conhecendo, graças ao entusiasmo de Bitsy, que convida os Yazdan para participar da “Festa da Chegada”. A reunião então passa a ocorrer todos os anos, na mesma medida em que as duas famílias estreitam os laços de amizade. Em busca da América trata não apenas da dificuldade dos imigrantes em recriar suas identidades numa América multicultural, mas também de como essas pessoas formam uma rede de apoio, de amizades, capaz de amortecer as diferenças entre elas. Um livro que põe em relevo a identidade de uma nação, sob a perspectiva dos que lá nasceram e daqueles que lá tentam se integrar.