Tribunal De Honra

Em 1893, parte significativa da população da Rússia imperial de Alexandre III está sendo dizimada pela cólera. Na longa lista de vítimas figura o nome de Tchaikovski, um dos grandes da música clássica russa. Esta é, pelo menos, a versão mais conhecida da morte do compositor. No entanto, este fim inesperado é recusado por Dominique Fernandez: em Tribunal De Honra, o escritor dá corpo à tese segundo a qual o compositor homossexual teria sido condenado ao suicídio por sete homens, membros de um tribunal de honra, para salvaguardar a moralidade da corte de Alexandre III, depois de ser acusado de tentar seduzir um jovem de 17 anos. A novela biográfica concebida por Dominique Fernandez é narrada por Basile de Saint-Foy, um construtor francês que vai para São Petersburgo negociar a construção de uma ponte metálica e se apaixona pelo processo de Tchaikovski. Decepcionado e ultrajado, no primeiro momento, com a orientação sexual e os hábitos nada ortodoxos do músico, Saint-Foy abandona pouco a pouco seus preconceitos e se interroga sobre o que permite um homem julgar outro. É então que decide visitar cada um dos membros que compunham o tribunal de honra: um médico, um conselheiro de Estado, um bispo, um general, um diretor de museu, um diretor de teatro e um funcionário do governo.

Tribunal De Honra é uma história plausível, verossímil, entretecida pelo relato cuidadoso da realidade social, política e moral da época. Valendo-se dos recursos narrativos da ficção, o autor criou uma obra que ultrapassa o possível para flertar com o provável. Dominique Fernandez é um estudioso da cultura e da história italianas, ganhador dos principais prêmios literários da França. Nascido em Paris, em 1929, estudou na Itália, onde foi professor do Instituto Francês de Nápoles. É autor, entre outros, dos romances O último dos Médicis, publicado pela Editora Record, Les enfants de Gogol (Grande Prêmio Literário do Festival de Nice de 1971) e Proporino ou les mystères de Naples (Prêmio Médicis de