28/01/2011
“Os sentimentos humanos sempre foram material essencial para a poesia e um dos seus temas recorrentes. A humanidade e a sociedade, no entanto, estão em constante mutação. Poderia então, sentimentos como o medo e a fúria serem vistos de diferentes formas segundo o olhar de um poeta que se comprometa com seu tempo, de acordo suas imbricações sociais ou individuais? A leitura de “o peso do medo 30 poemas em fúria”, de Wellington de Melo, nos sinaliza que sim. O livro é o terceiro do autor (O diálogo das coisas, Recife: Ed. Universitária: 2007; [desvirtual provisório], Bauru/SP: Canal6, 2008), um dos jovens nomes que despontam na cena literária pernambucana. Neste livro, Wellington leva o leitor a percorrer paisagens poéticas através das quais uma visão de poesia enquanto forma de pensamento. O poeta reflete sobre o medo em suas mais diversas dimensões: dos medos individuais aos coletivos, dos medos imediatos aos do porvir, dos medos do poeta e do homem contemporâneo. Os poemas do livro são dispostos três blocos, cujos nomes remetem a lugares em que se desenvolve o medo do poeta, quais sejam, o medo a fúria a alcova (medos individuais), o medo a fúria o gabinete (medos universais) o medo a fúria a rua (medos imediatos). Temas como o anonimato, a incomunicabilidade, a violência e a luta de classes aparecem nesses poemas dispostos de maneira linear, sem pontuação ou versos aparentes (o que também acontece com o próprio título do livro, escrito em minúsculas e sem pontuação), muito embora o leitor atento poderá perceber o ritmo utilizado pelo autor em cada texto. Com um projeto gráfico e ilustrações da Editora Paés, é um livro em que o poeta tenta compreender a condição do homem pós-moderno e seus medos, além de desenvolver uma importante de reflexão sobre a própria condição da literatura dita pós-moderna. O autor foi apresentado pelo professor e crítico literário Johnny Martins (UFCG), doutorando em Literatura e Cultura pela UFPB.