Peso | 433 g |
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Dimensões | 2 × 16 × 24 cm |
Condição | |
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Ano | |
Idioma |
Ribamar
R$10,00
- Autor: jose castello
- Editora: bertrand brasil
- Qtd. Páginas: 278
- Isbn: 9788528614435
- Código Estoque: 47582A
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“Esse menino sofre dos nervos”, é um Sampaku, “alguém incapaz de ter uma reação adequada ao perigo”, os seus olhos estão desviados, apontam para cima; tem olhos, o menino José, de peixe morto, mas o médico dos olhos diz que está tudo bem e, sim, está tudo bem e tudo mal; a semelhança com os olhos do pai é isso: a única maldição que desejamos, o desejo que mais amaldiçoamos.O hipnotizador não endireita os olhos do menino, não lhe tira o sofrimento dos nervos; a lâmina não torna o nariz mais discreto, a coisa não resulta com a faca — mas há isto: a sensação de que o nariz não está bem, de que os olhos erram, de que a posição no mundo não é a correta — está a tímida peça de xadrez perdida no tabuleiro de um outro jogo.Carta ao pai que acompanha a carta ao pai de Kafka. Kafka, o escritor minhoca; escreve como se rasteja e poderemos pensar que em parte é isto: trata-se de ver se os traços que o nosso rastejar deixou atrás conseguem ser decifráveis, se foram transformados ou não num livro ou se são, afinal, como os gatafunhos ilegíveis do velho demente de Ribamar, que é cego e por isso não precisa de escrever nada que se entenda.Em Ribamar aproveita-se uma queda para avançar; rastejar não é afinal assim tão mau: é o avanço de alguém que caiu e não quer, ou não consegue, levantar-se. O golpe que o derrubou foi demasiado forte — e nascer é um pouco isto: um golpe de que por vezes só recuperamos muitas décadas depois.E ainda a visita à tia louca que imita as galinhas e talvez escreva no chão sim; sim que é, apesar de tudo, uma das mais belas palavras, mesmo que não tenha destinatário ou assunto, mesmo que não haja questão prévia. E é isso mesmo: à distância, do sítio de onde conseguimos ver, o que parece que Castello escreve no chão é um sim, e este sim talvez seja dirigido ao pai, um sim que também aparece depois de pergunta nenhuma. Trata-se em Ribamar, escreve Castello, de “tomar posse de meu pai”, como se o pai fosse “um cargo público ou um pedaço de terra”. Não se