11/12/2000
O Universo de A à Z
João Pessoa conta com um dos mais ricos acervos bibliotecários da cidade. O Sebo Cultural, de propriedade do engenheiro civil e produtor cultural Heriberto Coelho – com mais de 150 mil livros à disposição dos mais variados gostos e necessidades – tem a matriz situada na rua 13 de Maio, 84, em pleno centro da cidade.
Na entrevista que se segue, Heriberto nos conta como foi capaz de reunir tantas informações – que não para de adquirir – e sobre quais os seus planos para o próximo ano, o primeiro do novo milênio que se inicia, como ativo produtor cultural que tem demonstrado ser ao longo desses anos de trabalho.
1. Como você teve a ideia de organizar o Sebo Cultural?
HERIBERTO: Sempre defendi a necessidade inerente a todo o ser humano de ter livre acesso a informação. Vi na criação do Sebo Cultural, além da oportunidade de poder fazer o que gosto, proporcionar ao cidadão condições de poder adquirir informações por menores custos. Temos livros, revistas, gibis, fitas de vídeo e cds dos mais variados estilos, tudo para suprir a necessidade de informação de nossos clientes.
2. O que pretende O Sebo Cultural?
HERIBERTO: Ele não se limita somente a venda, troca e compra de livros usados e novos. Todos conhecem, ou já ouviram falar das ações culturais que implementamos. Nestes mais de treze anos de atividades temos colaborado com o desenvolvimento cultural do Estado e, neste processo, fazemos também nossa propaganda institucional, onde colocamos à disposições da população, entre outras coisas, o acervo de mais de cem mil livros. Para dar uma idéia da dimensão desta ação, basta ver que temos mais de dez livros e livretos publicados, a maioria antologias; mais de vinte concurso promovidos; mais de trinta debates, palestras e seminários organizados; mais de cem eventos para lançamento de livros. João Pessoa ainda teve mais de duzentas produções político-culturais com a co-participação do Sebo e mais outras quatrocentas onde entramos com apoio. Em sua história de vida cultural, o Sebo tem a participação em festivais e feiras, produz a revista Bazar e tem recebido aplausos da Câmara Municipal e da Assembléia Legislativa quando idealizou e realizou muitos projetos alternativos.
3. Pode-se mesmo encontrar informações sobre toda a Vida do Universo, como promete o seu novo slogan?
HERIBERTO: O amigo Archidy Picado Filho, que também é um excelente programador visual, nos propôs adotar o slogan “De A à Z, todo o Universo para você” porque disse ter visto nas estantes do Sebo Cultural muita coisa sobre Astronomia, Biologia, Religião, Artes, Culinária, Filosofia, Literatura, Física Quântica, Sociologia, Política… Temos classificados mais de cento e trinta assuntos. Na verdade, a idéia do slogan é muito boa, mas vamos amadurecer um pouco mais. Talvez, na comemoração dos quinze anos do Sebo Cultural, que será em breve, adotemos um slogan.
4. O Sebo Cultural tem um acervo de projetos que ainda não realizou. Quais seus principais projetos para o próximo ano?
HERIBERTO: Ainda estamos definindo quais projetos iremos priorizar. Uma coisa é certa: o Sebo Cultural continuará desempenhando o seu papel para avançarmos rumo a plena realização do Humano em nossa sociedade.
5. Atualmente, soubemos do lançamento do Cantata Popular 2, cd promovido pelo Sebo Cultural. Quais os projetos que estão sendo realizados neste momento pela Entidade?
HERIBERTO: A Coletiva de Música com letras de resistência, na sua segunda versão, está nas ruas resgatando o que existe de melhor por aqui. Estaremos, ainda este mês, lançando um concurso literário sobre a autodeterminação dos povos latino-americanos. Há o projeto das Sacolas Poéticas, agora em sua terceira versão, que continuará publicando poemas impressos nas sacolas de embalagens… E só. Afinal, dezembro é uma grande sexta-feira (risos) e o Carnaval está logo aí.
6. Dado que o livro é o produto predominante em seu negócio, que planos tem para o setor literário? A Bazar vai mudar de cara?
HERIBERTO: Pretendemos intensificar nossa atuação na editoração de livros. Quanto a Bazar, estamos discutindo e colhendo sugestões para edição de seu próximo número.
7. É verdade que o Sebo Cultural vai para um lugar mais amplo?
HERIBERTO: Há uma urgente necessidade de ampliarmos nosso espaço físico. É nosso desejo poder contar com melhores acomodações para os clientes, principalmente os pesquisadores: mais terminais de computador, amplas salas de leitura, sala de recepção para bate papos e, principalmente, mais cômodos para ampliarmos o universo de informações. Tudo isso pode demorar um pouco, mas estamos pensando em abrir um ponto de fornecimento de informações nas proximidades da orla marítima.
8. O Sebo Cultural já conta com mais de cinqüenta mil livros informatizados e fornece listagens via e-mail. Cadê a página de vocês na Internet?
HERIBERTO: A página está em andamento. Atualmente só contamos com o e-mail sebocultural@pbnet.com.br. Pretendemos colocar uma página no ar somente quando pudermos contar com um sistema eficaz de “consulta rápida”, com links para a nossa ação cultural, com informes culturais da cidade e outras coisinhas mais.
9. Você foi candidato a Vereador na eleição passada. Desde quanto está envolvido com a Política?
HERIBERTO: Desde os meus dezoito anos tenho um comprometimento ideológico que me envolve cotidianamente com as lutas sociais. Sinto-me preocupado com os destinos de nossa sociedade e com o que posso fazer para participar do “Projeto Humano”. Por indicação de alguns pessoas, também envolvidas nesta luta, topei a missão de tentar ser eleito Vereador e intensificar minha ação política. Como não deu – e não dá para analisar aqui o processo eleitoral – pretendo dedicar mais tempo ao Sebo Cultural intensificando sua atuação.
10. Seu envolvimento com os livros começou cedo. Eles o ajudaram a melhorar sua visão do mundo ou tudo lhe foi percebido somente por intuição?
HERIBERTO: Sempre gostei de ler. Aprendi que informação é poder e que “é preciso ser culto para ser livre”, como disse o lutador do povo José Martí. Acredito que o livro ainda é, e certamente continuará sendo por muito tempo, um veículo de comunicação que tem o poder de, além de instruir e educar, aguçar o senso crítico do eleitor, e isso é muito importante no processo de formação do cidadão consciente de seu papel como um ser individual e social.