2038 Um Mundo Estranho

O imperador de todos os males foi o cognome que Siddhartha Mukherjee — médico indiano, imunologista em Oxford e oncologista, ganhador do Pulitzer 2011 — deu ao câncer.

Fui diagnosticada com essa doença no princípio de janeiro de 2017, e, no dia 13 daquele mês, graças a uma operação de guerra que meus filhos fizeram contra o tempo, fiz uma cirurgia, após a qual tive de me submeter à quimioterapia, que roubou seis meses de minha vida, impondo-me limites e desconfortos terríveis.

Para suportar essa passagem, vali-me da meditação, da oração e da ficção. Precisei usar a mente para suportar a dor do corpo, usei a imaginação e viajei por lugares agradáveis que conheci. Criei personagens interessantes, contando histórias inspiradas em livros que li e pessoas que conheci.

Dividi o livro em três histórias.

2038 – Um mundo muito estranho. O cenário é futurista. Uma parte se passa em Heidelberg, na Alemanha, onde já se fabricam órgãos humanos personalizados a partir do estudo do genoma. Outro cenário é a comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, e seus problemas com as drogas, a maternidade infantil e a violência doméstica.

Estas vidas eu vivi tem como cenário Nova York, e, através da trama, tento complementar o tratamento analítico com a técnica de regressão a vidas passadas.

A saga de Chella é a história de uma mulher que viveu o inferno dos campos de concentração de Stalin e saiu desse mundo com o coração cheio de amor, construindo uma vida digna e feliz.

Não interessa mais ao sistema político a vassalagem que perdurou durante tantos anos em nosso país. Nosso sistema mudou muito, passaram-se mais de vinte anos de um tempo em que estávamos afundados num mar de lama, em que alguns funcionários públicos, empresários e políticos trocaram suas canetas por pés de cabras, assaltando nossos impostos, roubando a merenda escolar de nossas crianças, sucateando nossos hospitais e nossas escolas. Depois desse período caótico, tivemos uma verdadeira revolução de costumes.