Maneira Negra, A

A Maneira Negra Rafael Cardoso O romance noir foi o estilo escolhido para o primeiro trabalho de ficção de Rafael Cardoso. A Maneira Negra, mais um título da Coleção Negra – dedicada aos maiores mestres da literatura policial-, traz duas histórias de mistério aparentemente sem nada em comum. Mas que se interligam pela semelhança de cenário: o submundo carioca, entre bares infestados de maus elementos, investigadores amadores e jornalistas com gosto pelo perigo e por uma boa bebida. Um universo bem distinto das praias ensolaradas que caracterizam a paisagem da cidade maravilhosa – aqui nem tão bela assim. A primeira novela é a que batiza o livro. Em A maneira negra, Pedro Machado, pacato restaurador de papel, se vê lançado, pela morte do sogro, em uma rede intricada de falsificações, falcatruas e mistérios dentro do mercado de arte carioca. Na ânsia por respostas, Pedro se envolve com uma jovem jornalista – amorosa e intelectualmente -, cujas origens populares o levam a repensar seus próprios valores e questionar pressupostos sobre identidade, posição social e preconceito. Transportando os leitores dos apartamentos e mansões da zona sul para os barracos e oficinas mecânicas da zona norte, A maneira negra é uma aventura social por um Rio do qual pouco se conhece. Pulando do mundo da arte para a boêmia Lapa, no Centro do Rio, Rafael Cardoso traça os contornos do conto Blecaute, passado no apagão de março de 1999, que escureceu boa parte das regiões sul e sudeste do país. A falta de energia não impede, porém, que o jornalista e candidato a escritor Fabrício Caminha se enverede pelos recantos obscurecidos da Lapa, já normalmente afeita às sombras e à meia-luz. Todo esse esforço para comparecer ao velório de um tio. Entre travestis, prostitutas e malandros, ele mergulha em aventuras e desencontros com personagens esquecidos de seu passado e lugares tornados dramáticos na penumbra coletiva. Rafael Cardoso (sobrinho do escritor Lucio Cardoso, autor, entre outros li[…]