O Cao Chupando Manga

Entremeando as peripécias de um audacioso garçom cearense, o cenário político, a ganância dos empresários e o amor livre, o romance O Cão Chupando Manga nos conduz a fortes emoções, através de uma história divertida, digna de uma escritora que enxerga o mundo com olhos críticos, porém sensíveis. A expressão característica do linguajar nordestino, o “cão chupando manga” é usada para definir qualquer coisa superlativa e define o personagem Zezito, figura central da narrativa, que transcorre na cidade de São Paulo entre 1971 e 1985. Habituado a fazer de tudo um pouco na vida, Zezito havia sido pedreiro, apontador, mestre-de-obras, etc. Após uma infância de fartura no Ceará, Zezito mudou-se para São Paulo, onde conheceu os encantos e as agruras da cidade grande e descobriu o amor com uma jovem da classe média. “A cabeça de Zezito dava impressão de coisa retangular, desproporcionalmente grande para o corpo baixo, mirrado e moreno, o que lhe valeu o apelido de Caixa d´ água”. Segundo Joyce Cavalccante, os escritores lutam para controlar os personagens que criam: “Acreditamos ter o poder de domesticá-los. Mas, ao contrário do que é dito, só podemos delineá-los quando nos entregamos, mansinhos, aos seus enigmas. Daí, nos resta apenas observá-los, fascinados.”