O Mito Do Maestro

O violinista Carl Flesch disse uma vez: “não existe profissão onde um impostor entre com tanta facilidade”- referindo-se à classe dos maestros. Em O Mito Do Maestro, Norman Lebrecht revela, entre outras declarações afiadas, que o maestro só existe porque a sociedade precisa de líderes em qualquer situação. Precisa de um herói, de alguém fisicamente presente, de preferência, que lidere a marcha. Publicado em 1992, O Mito Do Maestro provocou grandes discussões entre os especialistas na obra dos compositores clássicos. O sociólogo e psicólogo Norman Lebrecht considera os músicos e empresários do meio da música erudita os responsáveis pelo declínio da audiência dos teatros de ópera e concertos. Neste livro, Lebrecht não perdoa nenhum deles e dispara sua metralhadora giratória para todos os lados. Segundo o autor, o declínio começa com a crise instaurada ao se substituir o regente /compositor por um orquestrador, ou seja, por um maestro, como Bulow, Richter ou Nikisch. Com o tempo, esses ditos “grandes” maestros do nosso século chegaram a um duvidoso consenso, preferindo um controle maquiavélico sobre as personalidades dos integrantes da orquestra, ao verdadeiro insight que leva à interpretação mais pura da música. A rivalidade profissional, as intrigas e pressões mercadológicas de Shennanigans, por exemplo, o tornaram uma celebridade. Conquistando uma fama muito além de sua real capacidade, segundo Lebrecht, cobrando cachês milionários por suas apresentações e gravações. O autor examina ainda o trabalho de Herbert von Karajan, o homem mais rico da história da música clássica, com uma carreira que começou junto ao terceiro reich na Alemanha e culminou nos grandes teatros de Nova York. Outros maestros como Beecham, Bernstein, Muti, Abbado e Simon Rattle são submetidos ao microscópio revelador de Lebrecht. Em O Mito Do Maestro, Lebrecht mostra que, ultimamente, é necessário que o maestro escolha entre a autopromoção e uma verdadeira integração com a performance, com a músi