Olho Magico

Ler Olho mágico de Carlos Vilarinho é um convite ao voyeurismo. Afinal, o que é íntimo é sempre arrebatador. Aciona a potência máxima de nossa curiosidade. O que nos atrai é justamente saber que A realidade refletiva nunca fora mais interessante do que sua própria sombra. Assim, o romance Olho Mágico, com uma graça fina, entre a ironia e o sarcasmo, fisga o leitor num crescente e este também quer espionar a trama do texto. Quer saber até onde o olhar investigador de kit Carson, o protagonista, se espirará. O cenário é Salvador, mas não Salvador turístico. é uma capital u r b a n a , c e n t r a l e contemporânea. De algum modo, underground. Kit Carson além de voyer; também é um flaneur. Passeia pela cidade para olhá-la sem jamais investir na sua geografia. Está mais atento as soleiras das portas do que as paisgens dos cartões postais. Kit olha tudo o que está a sua volta. Olha e deseja. Olha, mas também sabe que o que vê também o olha e de alguma maneira o controla. Esse jogo, somente medido pelo olho físico, dá a ele as senhas para não se cagar diante do cotidiano, nem se brutalizar pela conformação do olhar. Olhar com olhos livres faz com que Kit se supreenda com a vida e s e s e n s a b i l i z e paulatinamente. Pois tanto Kit quanto hábil escritor desta narrativa sabem que: Todos os olhos são curiosos e mágicos.