Oresteia – agamemnon – coeforas – eumenides

ORESTEIA, constituída pelo Agamémnon, as Coéforas e as Euménides, é uma obra-prima da literatura dramática de todos os tempos. Lirismo e drama raramente realizaram uma simbiose tão perfeita no afrontamento das grandes questões morais e religiosas que se põem ao Homem num mundo sempre em crise. Crise que, na visão do Poeta, atinge os próprios deuses, empenhados, também, eles, na realização mais perfeita da justiça, porque de justiça essencialmente se trata, neste drama de proporções cósmicas. Mas, como Orestes reconhecerá momentos antes do matricídio, «a Justiça lutará contra a Justiça». É o direito da mãe (Climnestra) que se ergue contra o direito do filho (Orestes). É o direito dos deuses antigos contra o direito dos novos deuses. Homens e deuses mobilizam os seus esforços para o encontro de uma solução que quebre definitivamente a cadeia de culpa e expiação que liga inexpiavelmente as personagens da tragédia que pesa sobre a vida do homem dilacerado entre deveres contrastantes. Ao indivíduo caberá ocupar o seu lugar no concerto da polis reinventada, que os deuses investiram na função alta de julgar. A ORESTEIA apresenta-se, assim, como a história de um momento crucial de formação da consciência helénica do homem e da divindade.