Para Quem Viu Uma Vaca Voando

Ao revisar este livro, atesto minha sanidade mental. Pois não é de leve calibre a escrita de Hermano José Falcone. Ao primeiro olhar, o leitor é tomado por um estranhamento devido aos cortes na linguagem que interrompem o reconhecimento do que nos é real e o que nos é de extrema esquisitice em termos do sublime que buscamos, por vezes, na poesia. O autor de Para Quem Viu Uma Vaca Voando nos tira do sono tranquilo da consciência ao nos apresentar, a cada poema, sua dor que emerge do bizarro sentimento das doenças que devastam até os mais fervorosos otimistas. Num passeio entre duras palavras concebidas, creio eu, de seu estado físico e sua vivência como psiquiatra, Hermano José Falcone atormenta a poética contida em cada verso deste livro destilando o mal viver, o mal-estar, o ser diante da imundície que pode ser bela, visto que o mundo não é paraíso de vidas tocadas por mãos divinas. Para Quem Viu Uma Vaca Voando é absurdo. Logo, prepare-se para o solavanco. Letícia Palmeira