Regente Plutão

Em sua estreia na ficção adulta, a jornalista Cleusa Maria, que já havia contemplado o universo infantil com A menina que não viu o fim do mundo, em 2005, apresenta aos leitores uma pequena e curiosa história de amor trágica. Às vésperas do Ano Novo, quatro personagens expõem seus conflitos, angústias e desejos nesta tragédia urbana contemporânea. Em um bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, numa noite de calor monumental que antecede a virada do ano, um temporal se aproxima, anunciando o terrível acontecimento. Em sua cobertura, a bem-sucedida arquiteta Violante se veste com apuro para festejar mais uma passagem incerta – para onde, para quê, com quem? Como companhia, três garrafas de champanhe e duas janelas: uma real, que ela vigia no casarão em frente, a segunda, que se abre para os encontros virtuais. Com a senha ‘Observadora’, Violante conhece ‘Regente Plutão’, e se encanta com o parceiro sedutor, provocante, rápido no gatilho – mas na realidade, um traficante apaixonado por filosofia e por uma mulher casada. Ao lado da ruiva Irene, o internauta Lúcio encontrou um sentido para a vida, e descolou os pés do inferno a que fora condenado pelo regente do seu signo – o imprudente Escorpião. O menino criado na periferia, deslumbrado com as luzes da cidade, fez a ponte entre os dois lados vendendo cocaína para cidadãos anestesiados, desmotivados. Como Irene. À medida que o álcool embaralha os sentidos e as idéias de Violante, Lucio desenvolve uma lucidez implacável. As vidas e vozes desses desconhecidos serão embaralhadas às vozes e vidas de Irene e Enon, tão próximos e mesmo assim, inatingíveis. O casal sofisticado preenche de formas diversas o cotidiano conjugal: ela, doando corpo e alma a um bandido; ele, admirando a mulher como se fosse um quadro de Manet. Em uma narrativa forte e poética, Cleusa aproxima os destinos dos protagonistas flagrados num instante de agudo conflito e enfrentamento com suas escolhas. Nesta história perturbadora, de tensão crescente, o enco